Historial

📜 Historial de Asseiceira: Da Antiguidade ao Liberalismo

Asseiceira, conhecida por muitos como “a pérola do concelho”, localiza-se no extremo sul de Tomar, ocupando uma área de 29 km². É composta pelas povoações de Asseiceira, Linhaceira, Santa Cita, Pastorinhos e Rodas, fazendo fronteira com as freguesias de Paialvo, Madalena e São Pedro de Tomar.

O seu topónimo, derivado da palavra latina que designa **salgueiral**, sugere um povoamento muito antigo, reforçado pela sua localização estratégica numa **estrada romana** que ligava Scalabis (Santarém) a Penela, servindo historicamente como um crucial ponto de repouso para viajantes.


🕰️ Origens Remotas e a Ordem do Templo

A presença humana na região remonta ao **Paleolítico**, conforme comprovam vestígios arqueológicos. Contudo, o registo escrito da fundação de Asseiceira está intimamente ligado à Ordem dos Templários, mestres de Tomar.

A Fundação da Albergaria e as Doações

  • 1219 (D. Afonso II): O Mestre dos Templários, **D. Pedro Alvito**, concedeu o lugar de **Ceiceira** a Pelágio Farpado para que este edificasse uma Albergaria para o acolhimento de hóspedes e pobres transeuntes, estabelecendo um importante posto templário.
  • 1222: O lugar ficou quase deserto e perigoso. D. Pedro Alvito doou-o a **Pedro Ferreiro** (fundador de Ferreira do Zêzere).
  • 1229: Pedro Ferreiro, a sua mulher Maria Velasques e a sua filha Maria Pires, em auxílio da Terra Santa de Jerusalém, decidem doar Asseiceira à Ordem do Templo. Este ato visava assegurar a continuidade do culto e obter proteção da Ordem.

Apoio Real e a Ordem de São Francisco

  • Meados do Século XIII (D. Afonso III): D. Pedro Gomes, Mestre da Ordem dos Templários, concedeu o **Casal de Vale Bom** à Ordem de São Francisco para a fundação de um Convento.
  • 1253 (D. Afonso III): Um documento real concedeu vários privilégios aos habitantes de Atalaia e Ceiceira, dispensando-os de ceder cavalos, armas ou homens, exceto ao monarca.
  • 1281: Torres Novas tentou apoderar-se da Albergaria, mas a **Rainha D. Beatriz**, a pedido do Mestre do Templo D. Lourenço Martins, ordenou que a posse fosse respeitada e entregou a albergaria a João Tuiseu, considerado um homem de grande integridade.

👑 A Elevação a Concelho e os Forais

O período de D. Dinis e D. Manuel I consolidou a importância e a autonomia da povoação.

  • 1302 (D. Dinis): Uma Carta Régia proibiu “as vexações de que eram vítimas os povos de Asseiceira”, libertando-a, juntamente com Atalaia, de encargos e portagens impostos por Tomar e Torres Novas.
  • 1315 (D. Dinis): O monarca concedeu carta foral a Asseiceira, elevando-a à categoria de concelho. É também associado a D. Dinis o povoamento do Pinhal Real de Santa Cita.
  • 1495 (D. Manuel I): O Rei concedeu o padroado da Igreja de Asseiceira a D. Pedro de Meneses, Conde de Cantanhede.
  • 1506 (D. Manuel I): O monarca emitiu uma Carta Régia relativa às Saboarias de Asseiceira, confirmando a posse das rendas a Simão Lopes.

O foral original concedido por D. Dinis viria a ser **confirmado por D. Manuel I**, reconhecendo que os moradores de Asseiceira e Atalaia não pagavam “nenhuns Foros nem Direitos Reais”, uma vez que o lugar fora dado livremente na sua primeira povoação.


⚔️ A Batalha Liberal (1834)

Asseiceira foi palco de um momento decisivo na história contemporânea portuguesa:

No dia 16 de Maio de 1834, desenrolou-se nesta freguesia uma batalha fundamental para o desfecho do conflito entre os Liberais e os Absolutistas (Miguelistas).

As tropas liberais, comandadas pelo Duque da Terceira, impuseram uma pesada derrota aos miguelistas. Este evento crucial contribuiu significativamente para a vitória final de D. Pedro, culminando na subida ao trono da sua filha, D. Maria II.

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